Um grande poeta tibetano chamado Milarepa, viajou ensinando a prática da compaixão e da misericórdia aos aldeões que encontrava. Finalmente, chegou o momento de voltar à pequena cabana que chamava lar. Para sua surpresa, ao entrar encontrou-a cheia de inimigos de toda espécie. Demônios monstruosos, aterradores, horríveis, que fariam correr a maioria das pessoas. Mas Milarepa não era como a maioria.
Inspirando e expirando lentamente, três vezes, com plena consciência do que estava fazendo, virou-se na direção deles. Olhou fundo nos olhos de cada um, curvou-se respeitosamente e disse: "Agora vocês estão aqui na minha casa. Eu os reverencio e me abro aos seus ensinamentos". Logo que pronunciou essas palavras, todos os inimigos, menos cinco, desapareceram. Os que permaneceram eram monstros medonhos, brutais, enormes. Mais uma vez, Milarepa fez uma reverência e começou a cantar uma suave melodia que evocava solidariedade pelo sofrimento por que passaram essas feras, e curiosidade sobre o que estavam precisando e como ele poderia ajudá-las. Quando a última nota saiu de seus lábios, quatro dos demônios desapareceram em pleno ar.
Agora restava apenas uma repugnante criatura : mandíbulas abertas revelando a garganta sombria e fétida. Milarepa aproximou-se do enorme demônio, respirou fundo na própria barriga e disse com serena compaixão: "Entendo sua dor e o que precisa para ser curado". Em seguida, colocou a cabeça na boca do inimigo. Naquele instante, o demônio desapareceu e Milarepa finalmente estava em casa.
Comentário do Editor: "Durante nossas peregrinações, nas nossas caminhadas, em nossas jornadas na construção social, nas visitas que fazemos às lojas, quantas relações do bem construímos, quantos amigos colecionamos... enquanto isso, não nos damos conta que podemos estar deixando que monstros invadam nossas próprias casas (nossas Lojas, nossas Potências)... O enfrentamento desses indesejáveis que se metem em nosso sublime lar deve ser encetado com o melhor de nós contra o pior deles: nossa luz contra suas trevas, nossas verdades contra suas infâmias!"
Ir. Edson Monteiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário