"A discussão sobre o poder imbecilizante da mídia não é de hoje, o que não quer dizer que já se tenha chegado a um ponto crítico final em relação a ela, pois, tanto mais a escamoteiam, o seu poder manipulatório se justifica em detrimento da realidade social a que pertence maior parte dos seus telespectadores, tornando-se uma chaga no espírito do povo, por dar-lhe, como forma de comiseração, uma esmola diferente dos tempos mais antigos: substituiu-se o pão e o circo por um espetáculo mais conciso e impactante – ou seja, toda a sua programação.
E a pergunta que não quer calar:
Fonte:
http://www.jornalinformacao.com/index.php?option=com_content&view=article&id=463:o-poder-imbecilizante-da-midia&catid=100:politica&Itemid=549
Para um país que teve o seu processo de democratização radicado nas grandes fazendas, às quais parte da população se encaminhava para validar a sua posição política envolta sob o cabresto do coronelismo, termos chegado às urnas eletrÿnicas, como claro nos fica, foi um grande avanço – se não levarmos em consideração que as práticas vigentes à época, hoje travestidas numa nova roupagem, ainda se mantêm vivas. No entanto, essas concessões advindas a partir da difusão dos ideais republicanos encontram os seus momentos baixos durante boa parte do século 20, quando ascende o regime militar, instaurando no país – sem delonga – medidas de cunho repressivo. Sucede-se um período de batalhas que contava com, do lado dos opositores do regime, sindicalistas, grupos estudantis, artistas e intelectuais, e do outro, evidentemente, os próprios militares e organizações de direita. Depois desse momento negro – em que artistas eram censurad os e exilados; que estudantes e quem quiser que fosse contra o regime eram vítimas dos mais variados tipos de atrocidades –, o regime em vigor, sob pressão das “Diretas Já”, começa a perder a sua força e, pouco tempo depois, cessa.
Como primeiro presidente eleito através de votação direta, o povo brasileiro elege Collor, que, após dois anos esmerando o planalto com a sua juventude e política dúbia, é rejeitado por esse mesmo povo, sendo alvo de impeachment mobilizado, sobretudo, por estudantes que, por pintarem os rostos, recebem a alcunha de “caras pintadas”. A partir de então, mesmo os fatos contribuindo para que a população retomasse velhas práticas, após os três anos de governo de Itamar Franco, temos dezesseis anos de presidência da república variados por dois presidentes, FHC e Lula, cada qual sendo reeleito depois do primeiro mandato.
Posto isso, não há como não se crer que a história do Brasil, já de muito antes do coronelismo dos primeiros anos da república, é marcada pela opressão a classes secundárias em virtude da auto-sugestão de uma dominante. Além de tudo, vivemos num país predominantemente agrícola, no qual, desde tempos imemoriáveis, o trabalhador rural sempre esteve subjugado a uma posição desconfortável, quiçá muito mais caótica – principalmente nos tempos de escravidão declarada – que a do servo na conjuntura feudal. Ou seja, à população que erigiu verdadeiramente esse país, não podemos dignar nenhum momento máximo que não esteja ligado à opressão, sofrimento e lutas.
Podemos mesmo afirmar que há qualquer semelhança entre a massa brasileira e Prometeu, o personagem da mitologia, com apenas uma diferença: o nosso fogo – riquezas naturais – servira tão somente para incendiar os cofres portugueses. Se Prometeu, por ter roubado o fogo dos deuses para dá-lo aos homens, recebera um castigo ardiloso, onde se prescrevera que o seu fígado seria comido todos os dias por águias e voltaria, logo após, a se regenerar, desde que essas terras começaram a servir de leito para a gente portuguesa, oferecendo-lhe as mais distintas riquezas, o brasileiro passou a ser um personagem que, assim como Prometeu, padece de castigo equivalente todos os dias e, ainda assim, sempre recobra as suas forças para o trabalho do dia seguinte. Pois bem, deixemos a história de lado e retornemos ao cerne da questão proposta no primeiro parágrafo: a mídia.
Num dos pequenos livros do Crepúsculo dos ídolos, Nietzsche, em virtude do processo de desgaste da cultura alemã, afirma que a universidade não deve servir de abrigo para as massas, pois estas estavam virando, segundo ele, “verdadeiras estufas para essa espécie de estiolamento dos instintos do espírito”. Percebemos que o autor, tomando como referência os grandes filósofos que um dia existiram na sua terra, e que já não mais existem, se indigna com o caráter mercadológico a que estava se submetendo a educação do país, não produzindo mais nenhum pensador com a fecundidade de um Schopenhauer ou um Scheller, por exigir dos jovens posturas imediatas em relação à vida profissional, mas só conseguindo, com isso, criar um rebanho de hedonistas admiradores da cerveja.
Sendo assim, percebemos que o que está em jogo, em Nietzsche, não é o fato de ele ser um moralista conservador. Não. O que percebemos é um homem que, no seu papel de intelectual, assume uma posição sensata perante o abismo em que a Alemanha se encontrava. Ou seja, eu percebo que o meu país está caindo na água-furtada do mundo ocidental e seus valores, admito que houve uma maior produção intelectual e coerência há um tempo, e, pondo esses dois aspectos em confluência, não me furto ao ostracismo dos céticos, e tomo, visto isso, uma posição. Nietzsche luta para recolocar algo no seu lugar – no caso, a cultura alemã. Em outras palavras, Nietzsche não havia assumido a postura moderna de relegar o que acontece em seu país em favor do seu próprio benefício; ele põe a essência do seu povo num patamar mais elevado e luta para que ele não perca os seus valores. E, se não luta, nas linhas em que escreveu não parece muito contente com t al atmosfera.
Conquanto sempre tenha havido no nosso país, desde os tempos da descoberta, uma atividade artística, durante longo período, posto a preciosidade na qual sempre esteve envolto esse exercício, a produção de cultura, a moldes europeus, reservou-se a pequenos círculos burgueses. Fazendo jus ao papel de nação que domina outra, mesmo que sejam escassas as fontes onde possamos constatar isso, se usarmos um pouco de lógica, pode-se afirmar que a cultura indígena nunca foi enxergada pelos portugueses, mas sim destruída, tratorada. O povo brasileiro, levando-se em consideração o tipo de colonização que sofrera, nunca teve uma cara; nunca houve um clímax cultural no nosso país. E, mesmo quando ele tentou criar uma cultura com fisionomia própria, ainda assim furtou-se à artificialidade, por nunca conseguir se livrar do metro europeu de se fazer arte. Conseqÿência: romantismo e modernismo brasileiros. Descartando a idéia de que o próprio livro e a língua portuguesa são duas coisas que tomamos emprestadas da Europa, no plano estético, por assim dizer, sempre estivemos presos a grossas correntes: sempre se tentou transmutar o bucolismo brasileiro no clima noir das capitais européias. Aliando-se a isso, devemos tomar em nota a própria situação conjuntural do país, que, como dissemos anteriormente, sempre teve um povo submetido ao julgo de uma classe dominante, e que sempre correspondeu a uma parte mínima da população total do Brasil. Sem contar que, como costuma se dizer recorrentemente, essa classe dominante que aqui temos, descende da escória da população de Portugal. Fazendo-se uma dedução, não é de se despeitar que, por detrás do garbo de cada senhor de almas brasileiro, há um larápio português escondido.
Pondo em evidência os pontos até aqui levantados, resta-nos uma pergunta: quem é a vítima disso tudo? O povo. A opinião crítica brasileira diz que, se o povo se encontra em meio à atual situação catastrófica, a culpa é dele mesmo, que não procura evoluir a sua consciência política. Mas como tal povo poderia evoluir sua consciência política se sempre houve, de um jeito ou de outro, quem o manipulasse? Se não manipulando a consciência, pelos menos escravizando o corpo, visto a dependência econÿmica que a massa sempre manteve aos seus patrões. Diminuiu-se a carga horária de trabalho, criaram-se novos benefícios para os trabalhadores, melhoraram-se as condições trabalhísticas dentro das fábricas, e assim se tentou tamponar a mais-valia. Mas ela perdura, e agora em tempo integral. Se antes o trabalhador era submetido a uma carga horária que chegava a extrapolar dez horas de trabalho, hoje ele só trabalha, no máximo, oito, e mesmo assim, não diferente desse tempo, ele não tem um tempo para pensar, para refletir, é um encarcerado impossibilitado de meditar sobre o seu papel de coadjuvante.
A subtração das horas de trabalho foi restituída com a programação do horário nobre. Se antes se trabalhava o dia todo e, devido ao cansaço, quando se chegava em casa se jantava e, logo adiante, se dormia, hoje temos um caso interessante – quando não acontece o mesmo de antigamente: o trabalhador é sujeito à, respectivamente, novela das seis, jornal local, novela das oito e, por fim, a algum reality show ou programa de comédia idiota. A subversão que poderia ser criada através desses telejornais deveriaser fator mormente, porém, a própria logística da programação, cria um efeito anulatório nas notícias difundidas por eles, uma vez que, logo após verem esses telejornais que condicionam as notícias como querem, o telespectador assiste a novelas estúpidas, e fica absorvido com uma realidade que não diz respeito ao seu dia-a-dia. O crítico dos nossos tempos poderia dizer que devemos respeitar a preferência estética dos pobres. No entanto, é de se perguntar: num país onde prevalece uma educação deficitária, onde os arroubos de um setor econÿmico enxertam, sem intermitências, a ‘estupefatação’ com a imbecilidade na cabeça das pessoas, tapando-lhes os olhos a todas as possibilidades, com qual espírito essas pessoas terão capacidade para dirimir o que assistem, em quem votam e saber que, mesmo os que apóiam as suas escolhas estéticas, podem estar equivocados e, em verdade, não querem o seu bem"?
E a pergunta que não quer calar:
E a Maçonaria tornou-se hoje mais um agente e parte do processo de imbecilização, no qual, seus membros, os irmãos, são “ensinados” a tolerar a intolerância, a criminalidade, a corrupção, o suborno, a pobreza, a exploração, a hipocrisia, enfim a domesticar seus membros e ser domesticado por aqueles que se utilizam destes meios e procedimentos? Será que muitos de seus membros se utilizam do esquadro e do compasso como signo destas posturas?
Ir. Giuseppe
http://www.jornalinformacao.com/index.php?option=com_content&view=article&id=463:o-poder-imbecilizante-da-midia&catid=100:politica&Itemid=549
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