Chegou-se ao limite da tolerância! O descaramento dos larápios da política nacional e o descaso dos cidadãos que cada vez mais se acostumam às denúncias divulgadas na mídia tornam os dias de hoje perigosamente insuportáveis, motivando idéias revolucionárias com riscos ao equilíbrio da democracia e da liberdade social. Tem ficado impossível a muitos brasileiros continuarem a ter orgulho de sua nação, e nós da maçonaria, irmãos da fraternidade defensora do ideal moral da sociedade, restam-nos questionar até quando ficaremos inertes, o quanto estamos em paz com nossas consciências, e quanto estamos satisfeitos com o destino que as instituições maçônicas têm dado às questões sociais.
É interessante fazermos reflexão e procurarmos entender de onde viemos, onde estamos e para onde iremos, não focando aqui o sentido místico/esotérico, que é deveras importante, mas com o propósito político/social que é o fulcro de toda conquista da maçonaria na história da humanidade. Será verdade o que se fala que nos últimos tempos tem-se trazido para a maçonaria cidadãos idênticos à medíocre parcela da população que assistem à toda a pândega política sem um ato sequer de indignação? Isso seria mesmo verdade? Se assim é, fica claro que com massa sem ser quadro fica impossível se esperar bons lutadores sociais mesmo que esses se arvorem guardiões da sociedade, construtores sociais, obreiros da arte real. Se trazemos más sementes os frutos colhidos serão dirigentes maçônicos relativos à semeadura.
Faz parecer que vive-se numa maçonaria despreocupada e refratária às iniciativas de mobilização pela moralidade, como se não estivesse inserida na mesma sociedade. Parece que a esbórnia institucionalizada não atinge algumas instituições maçônicas porque talvez vivam noutro mundo, noutra realidade, numa espécie de esquizofrenia coletiva; talvez seja porque nada podem fazer para enfrentamento do que quer que seja já que são fracas, sem quadros de luta, sem massa crítica transformadora. Muitos maçons não se importam com causas político-sociais por acreditarem serem assuntos fora do propósito das “suas maçonarias”, muito distantes das vidinhas medíocres e insossas onde relevantes são apenas rituais, medalhas, homenagens, pompas e vaidades inúteis. Muitos maçons estão preocupados consigo, não se importam com os problemas que não sejam os próprios, não se interessam pelos problemas da sociedade. Também parece que algumas instituições maçônicas se movem no dia a dia como se governos de pequenas cidades medievais cercadas por muralhas que blindam fora a barbárie que vilipendia patrimônios, estupra pátria e dizima território; acreditando protegidos, assumem fingir-se de mortos e que se matem os do lado de fora. Quando acabará essa fantasia? Talvez como no feudalismo, quando os miseráveis explorados se voltaram contra a vassalagem. Será que já não toleramos demasiadamente a exploração de nossa boa fé por egoistas que só se preocupam em manter o “status” de poder sem nada de se envolver com as verdadeiras lutas sociais? Talvez alguns desses que se acham mesmo senhores feudais nada tenham a dizer, por isso se escondem em tronos, sem preparo para comandar um exército de lutadores sociais, omitem-se e conformam-se em chefiar um bando de bajuladores.
Mas a verdade é que temos muito do que falar e muito pelo que lutar! Temos carga tributária numa situação insustentável que está próximo de 40% do PIB, um país com um dos piores índices de qualificação e eficiência de seus serviços públicos, um estado inchado e incompetente como já vimos na falida URSS. Fala-se com vaidade em 6º economia mundial, mas se esquece que ocupamos o 84º lugar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as nações, o 95º em analfabetismo, o 106º na mortalidade infantil, o 71º na renda per capita, o 52º lugar entre 110 países da América Latina melhor para se viver, e que estamos no primeiro lugar no mundo em corrupção, com mais de R$ 80 bilhões desviados do bolso de todos nós. Falam que nosso país equacionou a dívida externa e que estamos podendo emprestar dinheiro ao FMI e distribuir outro tanto para alguns países latinos vizinhos, os mesmos que nos odeiam por acreditarem que somos hegemônicos em nosso continente. Mas voltamos a construir lenta e progressiva dívida externa, temos apenas 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, com uma participação no comércio mundial em torno de 2% e com a dívida interna acima de 1 trilhão e 500 bilhões de reais; fazemos custosos deslocamentos de nossas tropas fora de nosso território e não armamos nossas forças armadas nas nossas fronteiras continentais, nas nossas divisas marítimas, no nosso espaço aéreo. A saúde em nosso país está precária, com índice de insatisfação de 67% da população brasileira, no SUS ou no atendimento suplementar (convênios médicos e seguradoras de saúde), nossos remédios são taxados com 33,9% de impostos, mas, de nossa parte, os maçons, nada de inconformismo, nenhuma atitude. Quando pensamos em “Bolsa Família” e em construção de enormes estádios de futebol, deixando de lado a infra-estrutura das ferrovias, dos portos e do transporte pluvial, dentre outras demandas, sentimos que vivemos uma espécie de reedição do momento político à época da construção do Coliseu e de outros estádios romanos. Será que estão nos dando novamente pão e circo?
Já cansamos de ver algumas lideranças maçônicas silentes a se preocuparem exclusivamente com seus votos, e no exercício do poder, já vimos muitos acionarem discretamente as garras do desgoverno ocupando o tempo ocioso da incompetência com ações moldadas em perseguições e constrangimentos, cooptando com cargos maçônicos, favorecimentos a uns e coerções a outros; muitos assim se mantiveram seguros dentro das muralhas sem qualquer realização. Isso não é próprio da maçonaria.
Nunca nos faltaram causas, mas lideranças que não vivam em função de causas próprias!
Nunca nos faltaram causas, mas lideranças que não vivam em função de causas próprias!
Ir. Edson Monteiro
2 comentários:
Excelente matéria!!! Como sempre cutucando a ferida. Parabéns Ir. Edson
Ir. Marcos
Minha motivação é escrever para irmãos inteligentes e proativos como você, querido irmõ Marcos.
TFA
Edson Monteiro
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