Multiplica-se a cada dia o número de pessoas inconformadas com a corrupção. A percepção ainda é contida, longe de ser uma revolta indignada, mas concretamente, os meios de comunicação e as facilidades do compartilhamento de informações e divulgação de opiniões diversas através das mídias, produzem um surdo e crescente murmúrio contra a corrupção. Murmúrio, por que não acontecem as ações práticas que seriam desejáveis para combater a corrupção com a devida eficácia, ficando sem resposta a pergunta crucial; combater a corrupção sim, mas de que forma? Cientes dos riscos e desconhecedores de uma forma segura para se combater e eliminar a corrupção, os decepcionados contribuintes murmuram inconformados. Uma extensa parcela de brasileiros conscientes dos próprios direitos e cansados de apenas cumprir pesados deveres, se perguntam diariamente; o que o cidadão comum e sociedade civil poderiam fazer para impedir que seus recursos fossem roubados e seus direitos espezinhados acintosamente?
Como seria possível responsabilizar e punir aqueles que de uma forma ou de outra, abusam das prerrogativas do cargo e através de manobras espúrias se apoderam indevidamente de bens e recursos públicos? Obviamente seria possível fazer muitos outros questionamentos, mas seguramente não teríamos respostas prontas para a maioria deles, ou teríamos respostas incompletas, inconsistentes e insatisfatórias. Infelizmente, nossa aparente incapacidade de resolução do problema, não elimina o fato de que a corrupção existe há muito tempo e vem provocando injustiças, desordens, abusos, desperdícios e a perpetuação de problemas de todas as ordens em todos os níveis e esferas, criando com isso um caos monstruoso supostamente insolúvel. E nós os Maçons? Conseguiremos apenas ficar parados? Seria possível fazer algo? E o que fazer? Esta é a maior, a mais difícil e a mais importante das questões; Fazer o quê?
Contraditoriamente a resposta é óbvia; a primeira coisa a se fazer é pensar. Pensar séria, dedicada e exaustivamente; a imensa complexidade do problema exigirá pensamentos de altíssima qualidade, realizados por pessoas integras, comprometidas, bem intencionadas, realistas, coerentes, honestas, movidas pela sinceridade e capazes de, simultaneamente, tratar dos variados temas correlatos para depois conectá-los correta e adequadamente. A sociedade como um todo possui cabeças pensantes bem formadas, cérebros privilegiados portadores dos requisitos necessários para o exercício do pensamento. Além dos requisitos, as mentes disponíveis apresentam enorme potencial para um maior desenvolvimento ainda, bastando para isso, que se dediquem e se concentrem no objetivo, procurando identificar formas legitimas, eficazes e funcionais para legalmente, combater a corrupção instalada em nosso país. Em toda a sociedade brasileira, é possível identificar cérebros capazes de contribuir com pensamentos efetivos e auxiliar no desenvolvimento de idéias, projetos e fórmulas de combate à corrupção, aumentando nossas chances de eliminá-la. Se em toda a sociedade é possível encontrar expoentes qualificados para essa contribuição, a maçonaria possui quadros qualificados também. Mais que qualificados, a maçonaria possui quadros diferenciados, pois a principal característica da sua pedagogia exclusiva trata exatamente do estímulo ao pensamento. O exercício do pensamento é na verdade uma arte; a arte real. Através de estudos e aprimoramentos progressivos, os maçons esparsos pelo mundo se tornam pensadores racionais, regidos por princípios, ética e moralidade. Com as nossas virtudes intelectuais, precisamos o mais urgentemente possível, voltar nossa atenção para o tema da corrupção, concentrar nossos pensamentos para diagnosticar suas raízes e causas, descobrir os mecanismos que a fizeram se alastrar como uma infecção contagiosa e identificar o tratamento adequado para conter seu avanço e recompor assim o tecido social gravemente atingido.
Trata-se seguramente do maior desafio enfrentado não apenas pela maçonaria, mas por toda a sociedade brasileira, que tem enormes potenciais para se tornar quiçá, a nação mais importante, rica e bem sucedida do planeta. Esse desafio precisa ser enfrentado agora, pois estamos acuados vendo nossos filhos e netos, se perderem em um circulo pernicioso que pisoteia o passado, degrada o presente e destrói o futuro. Se não nos unirmos agora a despeito do caos instalado e da aparente insolubilidade do problema, seremos inexoravelmente destruídos sem ao menos tentarmos encontrar a saída; não há alternativa, é preciso encontrar uma saída. Os maçons devem utilizar suas técnicas de pensamento estruturado e analisar profunda e dedicadamente cada uma das centenas de temas interligados para encontrar respostas. Será um longo trabalho, serão gastas muitas e muitas horas de estudos, registros e debates para a definição de ações de todos os tipos, envolvendo todos os cidadãos de bem deste país, direta ou indiretamente. Exatamente o que deverá ser feito e de que maneira será possível realizar as ações, é a resposta que deverá ser encontrada através da imensa corrente de pensamento que devemos compor, para depois extratificar e organizar as informações que surgirem, de forma a gestar um Plano de Ação Global que indique as ações que deverão ser praticadas em busca do objetivo supremo; combater e eliminar a corrupção em todas as suas formas e circunstancias. Nenhum maçom deve se omitir; todo maçom deverá cumprir a proposta da Arte Real e pensar; concentrar sua energia e utilizar todo o seu potencial e conhecimento, buscar informações, pesquisar fatos, se inteirar dos desmandos, acompanhar os noticiários regional, nacional e internacional para entender o que acontece, como e quando acontece. É preciso saber o que fazem os administradores públicos, de que forma desviam nossos recursos e a partir desta consciência, raciocinar e interpretar situações e mecanismos para identificar e manifestar formas novas, antigas, experimentais ou as já consagradas pela prática de outras nações, para nos auxiliar a combater esta lepra social que é a corrupção.
A Maçonaria jamais compactuou com corrupção, injustiça, improbidade, imoralidade ou desvio de conduta de qualquer espécie. A Maçonaria é a Maçonaria e é composta de Homens, seres humanos vindos do seio da sociedade, homens previamente examinados em diversos requisitos, avaliados e escolhidos, para posteriormente serem submetidos a um metódico treinamento ético e moral do mais elevado nível, objetivando o aprimoramento de suas virtudes para incutir-lhes os melhores costumes. Eventualmente algum equivoco poderá ocorrer fazendo com que algum Maçom, renegando tudo aquilo que a instituição prega e defende, se perca nos descaminhos fazendo exatamente aquilo que deveria combater; isso é possível, já aconteceu e acontecerá novamente. Não há garantia de que as pessoas sejam de fato aquilo que aparentam ser, e não há garantia de que as pessoas assimilem efetivamente dentro de suas mentes e corações os bons princípios que a instituição defende, como também não há garantia, de que uma boa pessoa ao longo de sua existência não se converta em má pessoa. Quando essa infelicidade se abate sobre os Maçons, a Maçonaria age pronta e imediatamente, removendo de seus quadros aqueles que equivocadamente foram admitidos em seu seio; não há outro caminho. Este é o principio da justiça que falta em nossa sociedade, cujo desrespeito, faz prosperar a condição inversa que é a impunidade. Se a falha é uma possibilidade efetiva, a correção da falha precisa ser uma realidade. Na Maçonaria essa realidade existe; não somos perfeitos, mas somos capazes de enxergar nossos próprios defeitos e de agir contra os mesmos quando isto se fizer necessário. Por isso, os Maçons podem se sentir perfeitamente à vontade, para refletir livremente sobre nossos enormes problemas em busca de soluções. Defendemos os bons costumes e essa defesa converge para o desenvolvimento de um processo educacional de boa qualidade que infelizmente não temos.
Nossas escolas, baseadas em conceitos dúbios, instituíram, por exemplo, a aprovação automática que promove alunos que não tiveram o devido aproveitamento. Essa prática equivocada é defendida por seus idealizadores e seguidores, mas prejudica mais que beneficia, face os pífios resultados que podemos observar; legiões de jovens, que após freqüentarem as salas de aula por diversos anos de suas vidas, mal sabem ler uma lauda, quiçá compreendê-la e por aí devemos começar a nossa reflexão. A educação brasileira precisa urgentemente de revisão; esse tema precisa ser colocado em discussão e envolver especialistas com ênfase para os representantes da sociedade civil, por que os educadores do estado dão inacreditáveis mostras de incompetência e desinteresse expressos nos baixos níveis de conhecimentos exibidos pelos seus alunos. A educação é o principal ponto de partida para a construção de um futuro melhor; o pilar fundamental das nações prósperas e bem sucedidas, sabidamente é a educação de seus povos. Hoje, temos a possibilidade de ter destruído toda uma geração, que freqüentou a escola e foi promovida sem o devido aproveitamento; obviamente, um médico que se forme sem a devida qualificação, poderá matar seu paciente durante uma intervenção cirúrgica. A confiabilidade do profissional, só estará assegurada se durante seu curso e treinamento, ocorrer o aprendizado efetivo, caso contrário seu trabalho certamente será de má qualidade. Há trabalhos em que a má qualidade produz simplesmente conseqüências negativas, mas há trabalhos em que as conseqüências poderão ser desastrosas, funestas e irreparáveis; profissionais da saúde, pilotos de aeronaves, policiais, magistrados, administradores e muitos outros, atingem gravemente a vida de outras pessoas, quando praticam ações equivocadas oriundas de má formação.
Os políticos Maçons e os Maçons ocupantes de cargos públicos de alto nível precisam analisar esta premissa e apoiá-la em suas tratativas diárias, precisam levantar suas vozes e mostrar ao poder público e à sociedade como um todo, que com esta política educacional equivocada, a nação está sendo conduzida ao atraso e ao retrocesso. Se não adotarmos imediatamente os métodos capazes de identificar o real nível de aproveitamento dos nossos filhos e filhas, estaremos prejudicando gravemente toda uma geração, que ficará claramente em desvantagem competitiva diante de outros jovens oriundos de escolas particulares e de outros países. A exata compreensão da meritocracia inicia-se dentro da sala de aula.
Acreditamos também, que a educação começa dentro de casa. Os pais têm responsabilidade total sobre seus filhos e devem oferecer educação e formação a partir do próprio lar, disso dependerá o desenvolvimento e o comportamento do cidadão no futuro. Infelizmente nos dias de hoje, pais e avós têm dificuldades adicionais para realizarem esta tarefa, pois as ferramentas pedagógicas a seu alcance, muitas vezes se tornam inócuas diante das múltiplas influencias negativas a que seus filhos e filhas, estão expostos a partir, por exemplo, das programações das televisões. Há quem entenda que “falar mal” da televisão seja uma forma de estimular a censura e cercear a liberdade de expressão, quando na verdade uma coisa não se contrapõe à outra. Envolver crianças em discussões, ou expô-las a situações e comportamentos adultos como a sexualidade, por exemplo, ao invés de formá-las saudavelmente acabam na verdade, lançando-as precocemente no mundo da pornografia e da depravação, degradando-as ao invés de formá-las. Posteriormente, o convívio com outras crianças e adolescentes com formação e influencia negativa de pais despreocupados e sem compromisso com as virtudes e os deveres, acabam comprometendo ainda mais a educação e o futuro dos nossos jovens. De dentro de casa, por melhores que sejam as intenções e propósitos dos bons pais, tem sido muito complicada a tarefa de educar bem os filhos e as filhas dos nossos dias.
Outro tema urgente é a má versação dos recursos públicos; é impressionante o número de servidores públicos de todas as instancias de poder que reclamam contra os baixos salários e contra a ausência de recursos, encerrando aí muitas discussões. Impressionante também é o fato de concordarmos com esta avaliação ao acharmos que realmente falta dinheiro, quando na verdade há dinheiro de sobra, utilizado de maneiras equivocadas ou de formas desonestas, criando uma artificial falta de recursos nos locais onde o recurso deveria ser utilizado em benefício e a serviço do contribuinte. No ano de 2.011 do dia 1º de janeiro até o dia 31 de dezembro, o Brasil bateu um recorde histórico de arrecadação; R$ 1.512.127.357.698,90 (Um Trilhão, quinhentos e doze bilhões, cento e vinte e sete milhões, trezentos e cinqüenta e sete mil, seiscentos e noventa e oito reais e noventa centavos) de acordo com os números apresentados pelo Impostômetro http://www.impostometro.com.br/ Trata-se de uma impressionante cordilheira de dinheiro público, existente apenas em alguns poucos países do mundo, com os quais seria possível realizar maravilhas nas áreas de saúde, educação, segurança, saneamento básico e o que mais fosse necessário. Mas, surpreendentemente, o custo das obras públicas, que em passado recente consumiam milhões e milhões de reais, consomem agora bilhões e bilhões de reais, ao som da mesmíssima trilha sonora de sempre, de que tratam-se de recursos insuficientes.
Especialistas da sociedade civil deveriam analisar estes números, identificar a natureza das obras anunciadas e comparar os custos declarados pelo estado, com os custos oferecidos pelo mercado para validá-los ou não. O governo sabidamente superfatura obras e paga fornecedores com atraso, quando deveria ser o contrário, ou seja, o governo deveria ser tão bom pagador, que teria diferenciais nos preços oferecidos pela iniciativa privada, barateando ainda mais as obras necessárias pagas pelos contribuintes. Infelizmente, o estado brasileiro além de comprar mal, pagar com extrema morosidade e realizar obras de má qualidade, ainda demora longos períodos para concluí-las ou sequer finalizá-las em muitos e muitos casos. Vias públicas de grande movimentação ficam com seus fluxos reduzidos à metade por canteiros de obras intermináveis, complicando ainda mais o já caótico trânsito das cidades. As obras se arrastam por meses e meses a fio; equipamentos de grande porte ficam parados ou subutilizados. Não há trabalhadores em turnos ininterruptos para acelerar o trabalho e liberar o trânsito no menor espaço de tempo possível, e nós, meros contribuintes, convivemos com o problema, enquanto a administração pública se jacta de estar realizando tais e tais obras. A morosidade, além de prejudicar o funcionamento dos serviços, favorece o desvio dos recursos. Deveríamos criar e manter institutos fiscalizadores para auditar o máximo de obras possível e anunciar os resultados destas auditorias em todas as mídias espalhando assim estas informações para o mundo todo através da internet, das revistas e das televisões. Deveríamos organizar não apenas as tradicionais passeatas em via pública, mas deveríamos organizar também, comitivas de autoridades civis e especialistas técnicos nos assuntos para debater questões com os governadores, os prefeitos, os ministros e o máximo possível de autoridades instituídas. Deveríamos insistir incansavelmente até sermos recebidos pelos tais. Vejam que a frase correta não é “autoridades competentes” e sim “autoridades instituídas”.
Mas, indubitavelmente, a grande e imediata ação a ser realizada, sem dúvida nenhuma é a convocação dos Maçons ilustres, letrados, doutores e Mestres de todas as disciplinas para formarem uma corrente elevada de pensamento direcionado. Devemos estudar detidamente a condição atual da nação brasileira, enxergar o caos que se instalou insidiosamente no âmago da nossa sociedade e buscar respostas pormenorizadas para cada uma das graves dificuldades que penalizam e degradam o povo brasileiro. O desmando impera, a desordem se alastra provocando gravíssimas conseqüências sociais e os responsáveis pela resolução de todas estas mazelas, apenas consomem e exigem mais recursos, sem impedir a perpetuação dos graves problemas que nos assolam, criando assim um interminável ciclo de improbidade e incompetência. O pensamento precisa acontecer agora e produzir idéias viáveis e factíveis de serem colocadas em prática o quanto antes. O estado brasileiro é voraz, corrupto, incapaz e perdulário e precisa ser conduzido por novas e melhores pessoas; muitas destas que aí estão, ao invés de ocuparem postos em altos escalões, deveriam ocupar celas nas penitenciárias de segurança máxima.
Pensemos todos nós, maçons e não maçons, para encontrar as maneiras que poderão nos conduzir a um Brasil melhor, habitado e dirigido por homens livres e de bons costumes.
M.M. Isac Bispo Ramos
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