terça-feira, 10 de setembro de 2013

MEDICINA CUBANA

Fonte: Revista VEJA
Medicina cubana é curandeirismo e marxismo

Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, conta por que, em 2006, desertou de uma missão de seu país na Bolívia — na qual os médicos eram vigiados por paramilitares

Aretha Yarak
"O cubano Gilberto Velazco Serrano, de 32 anos, é médico. Na ilha dos irmãos Castro ele aprendeu seu ofício em meio a livros desatualizados e à falta crônica de medicamentos e de equipamentos. Os sonhos de ajudar os desamparados bateu de frente, ainda durante sua formação universitária, com a dura realidade de seu país: falta de infraestrutura, doutrinação política e arbitrariedade por parte do governo. "É triste, mas eu diria que o que se pratica em Cuba é uma medicina quase de curandeirismo”, diz Velazco.

Ao ser enviado à Bolívia em 2006, para o que seria uma ação humanitária, o médico se viu em meio a uma manobra política, que visava pregar a ideologia comunista. “A brigada tinha cerca de 10 paramilitares, que estavam ali para nos dizer o que fazer”. Velazco não suportou a servidão forçada e fugiu. Sua primeira parada foi pedir abrigo político no Brasil, que permitiu sua estada apenas de maneira provisória. Hoje, ele mora com a família em Miami, nos Estados Unidos, onde tem asilo político e estuda para revalidar seu diploma. De lá, ele concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

Como os médicos são selecionados para as missões?

Eles são obrigados a participar. Em Cuba, se é obrigado a tudo, o governo diz até o que você deve comer e o que estudar. As brigadas médicas são apenas uma extensão disso. Se eles precisam de 100 médicos para uma missão, você precisa estar disponível. Normalmente, eles faziam uma filtragem ideológica, selecionavam pessoas alinhadas ao regime. Mas com tantas colaborações internacionais, acredito que essa filtragem esteja menos rígida ou tenha até acabado.

Como foi sua missão?

Fomos enviados 140 médicos para a Bolívia em 2006. Disseram que íamos ficar no país por três meses para ajudar a população após uma enchente. Quando cheguei lá, fiquei sabendo que não chovia há meses. Era tudo mentira. Os três meses iniciais viraram dois anos. O pior de tudo é que o grupo de 140 pessoas não era formado apenas por médicos — havia pelo menos 10 paramilitares. A chefe da brigada, por exemplo, não era médica. Os paramilitares estavam infiltrados para impedir que a gente fugisse.

Paramilitares?
Vi armas dentro das casas onde eles moravam. Eles andavam com dinheiro e viviam em mansões, enquanto nós éramos obrigados a morar nos hospitais com os pacientes internados. Quando chegamos a Havana para embarcar para a Bolívia, assinamos uma lista para registro. Eram 14 listas com 10 nomes cada. Em uma delas, nenhum dos médicos pode assinar. Essa era a lista que tinha os nomes dos paramilitares.

Como era o trabalho dos paramilitares?

Não me esqueço do que a chefe da brigada disse: “Vocês são guerrilheiros, não médicos. Não viemos à Bolívia tratar doenças parasitárias, vocês são guerrilheiros que vieram ganhar a luta que Che Guevara não pode terminar”. Eles nos diziam o que fazer, como nos comportar e eram os responsáveis por evitar deserções e impedir que fugíssemos. Na Bolívia, ela nos disse que deveríamos estudar a catarata. Estávamos lá, a priori, para a atenção básica — não para operações como catarata. Mas tratar a catarata, uma cirurgia muito simples, tinha um efeito psicológico no paciente e também na família. Todos ficariam agradecidos à brigada cubana.

Você foi obrigado a fazer algo que não quisesse?

Certa vez, eu fui para Santa Cruz para uma reunião, lá me disseram que eu teria de ficar no telefone, para atender informações dos médicos e fazer estatísticas. O objetivo era cadastrar o número de atendimentos feitos naquele dia. Alguns médicos ligavam para passar informações, outros não. Eu precisava falar com todos, do contrário os líderes saíam à caça daquele com quem eu não havia conversado. Quando terminei o relatório, 603 pacientes tinham sido atendidos. Na teoria, estávamos em 140 médicos na Bolívia, mas foi divulgado oficialmente que o grupo seria de 680. Então como poderiam ter sido feitas apenas 603 consultas? Acabei tendo que alterar os dados, já que o estabelecido era um mínimo de 72 atendimentos por médico ao dia. Os dados foram falsificados.

Como é a formação de um médico em Cuba?

Muito ruim. É uma graduação extremamente ideologizada, as aulas são teóricas, os livros são velhos e desatualizados. Alguns tinham até páginas perdidas. Aprendi sobre as doenças na literatura médica, porque não tinha reativo de glicemia para fazer um exame, por exemplo. Não dava para fazer hemograma. A máquina de raio-X só podia ser usada em casos extremos. Os hospitais tinham barata, ratos e, às vezes, faltava até água. Vi diversos pacientes que só foram medicados porque os parentes mandavam remédios dos Estados Unidos. Aspirina, por exemplo, era artigo raro. É triste, mas eu diria que é uma medicina quase de curandeiro. Você fala para o paciente que ele deveria tomar tal remédio. Mas não tem. Aí você acaba tendo que indicar um chá, um suco.


Como era feita essa "graduação extremamente ideologizada" que o senhor menciona?

Tínhamos uma disciplina chamada preparação militar. Ficávamos duas semanas por ano fora da universidade para atender a essa demanda. Segundo o governo cubano, o imperialismo iria atacar a ilha e tínhamos que nos defender. Assim, estudávamos tudo sobre bombas químicas, aprendíamos a atirar com rifle, a fazer maquiagem de guerra e a nos arrastar no chão. Mas isso não é algo exclusivo na faculdade de medicina, são ensinamentos dados até a crianças.
Como é o sistema de saúde de Cuba?
O país está vivendo uma epidemia de cólera. Nas últimas décadas não havia registro dessa doença. Agora, até a capital Havana está em crise. A cólera é uma doença típica da pobreza extrema, ela não é facilmente transmissível. Isso acontece porque o sistema público de saúde está deteriorado. Quase não existem mais médicos em Cuba, em função das missões.
Por que você resolveu fugir da missão na Bolívia?
Nasci em Cuba, estudei em Cuba, passei minha vida na ilha. Minha realidade era: ao me formar médico eu teria um salário de 25 dólares, sem permissão para sair do país, tendo que fazer o que o governo me obrigasse a fazer. Em Cuba, o paramédico é uma propriedade do governo. A Bolívia era um país um pouco mais livre, mas, supostamente, eu tinha sido enviado para trabalhar por apenas três meses. Lá, me avisaram que eu teria de ficar por dois anos. Eu não tinha opção. Eram pagos 5.000 dólares por médico, mas eu recebia apenas 100 dólares: 80 em alimentos que eles me davam e os 20 em dinheiro. A verdade é que eu nunca fui pago corretamente, já que médico cubano não pode ter dinheiro em mãos, se não compra a fuga. Todas essas condições eram insustentáveis.
Você pediu asilo no Brasil?
Pedi que o Brasil me ajudasse no refúgio. Aleguei que faria o Revalida e iria para o Nordeste trabalhar em regiões pobres, mas a Polícia Federal disse que não poderia regularizar minha situação. Consegui um refúgio temporário, válido de 1 de novembro de 2006 a 4 de fevereiro de 2007. Nesse meio tempo, fui à embaixada dos Estados Unidos e fui aprovado.
Após a sua deserção, sua família sofreu algum tipo de punição?
Eles foram penalizados e tiveram de ficar três anos sem poder sair de Cuba. Meus pais nunca receberam um centavo do governo cubano enquanto estive na Bolívia, mas sofreram represálias depois que eu decidi fugir.
Quando você foi enviado à Bolívia era um recém-formado. A primeira leva de cubanos no Brasil é composta por médicos mais experientes...
Pelo o que vivi, sei que isso é tudo uma montagem de doutrinação. Essas pessoas são mais velhas porque os jovens como eu não querem a ditadura. Eu saí de Cuba e não voltei mais. No caso das pessoas mais velhas, talvez eles tenham família, marido, filhos em Cuba. É mais improvável que optem pela fuga e deixem seus familiares para trás. Geralmente, são pessoas que vivem aterrorizadas, que só podem falar com a imprensa quando autorizadas.
Os médicos cubanos que estão no Brasil deveriam fazer o Revalida?
Sim. Em Cuba, os médicos têm de passar por uma revalidação para praticar a medicina dentro do país. Sou favorável que os médicos estrangeiros trabalhem no Brasil, mas eles precisam se adequar à legislação local. Além do mais, a formação médica em Cuba está muito crítica. Eu passei o fim da minha graduação dentro de um programa especial de emergência. A ideia era que eles reduzissem em um ano minha formação, para que eu pudesse ser enviado à Bolívia. O governo cubano está fazendo isso: acelerando a graduação para poder enviar os médicos em missões ao exterior."


Colaboração: Ir. Antonio Carlos Garcia

4 comentários:

Evandro Santana disse...

Agora entendi o que é o Programa Monarca que o Ir.'.Pedro Borges garante está implantado na Grande Loja Maçônica do Estado da Bahia. Agora ainda por que a Maçonaria em Cuba é forte aliada do governo do ditador Fidel Castro.e seu irmão Raul, por ele instituída naquele país.

Anônimo disse...

Interessante! Li na entrevista uma passagem que chamou minha atenção: "Geralmente, são pessoas que vivem aterrorizadas, que só podem falar com a imprensa quando autorizadas." Comparei com o que está no Código da Gleb, da qual sou membro: Sob a inspiração do “Grande Arquiteto do Universo” e em nome do Povo Maçônico da Bahia, a Assembléia Legislativa decreta e promulga o seguinte:
Art. 294 Nenhuma mensagem ou publicação poderá ser feita, inclusive eletronicamente, para o mundo profano sem prévia e expressa autorização do Grão-Mestre.
Art. 295 Os Maçons que pretenderem publicar trabalhos seus ou de outrem, de caráter Maçônico, deverão submetê-los ao Grão-Mestre, mencionando, no pedido, se a publicação pretendida será feita por meio da imprensa Maçônica ou profana, por avulso, folhetos ou livros.
Art. 297 É expressamente proibido aos Maçons tratarem, na imprensa profana, ou fornecerem elementos para que se trate de fatos ocorridos na GLEB ou nas Lojas, a não ser notícias referentes a festividades, com prévio consentimento da Administração, bem como manter polêmicas pela imprensa deprimentes para a Ordem ou para qualquer de seus Membros. Parágrafo único – A proibição de que trata o Artigo inclui os meios eletrônicos.
Não é que é verdade - Na Gleb o Programa Monarca é Lei! O Irmão Pedro Borges tem razão!
Anônimo do Bem e da Paz

Anônimo disse...

Estes artigos que o Anônimo do Bem e da Paz diz constar do Código Maçônico da Gleb eu vou examinar. Tomara que não seja verdade. Se for verdade, eu, maçom da Loja Liberdade No. 01 da Gleb vou romper com esta corja de malandros. Vou examinar hoje e amanhã na Loja que é o dia da reunião, eu vou denunciar. Se houver limites para minha fala, eu farei na imprensa profana e denunciarei à Polícia Federal.

Carlos disse...

Ao amigo Evandro Santana, ouvi informações tristes sobre a maçonaria cubana. Um irmão que lá esteve descreveu que liberdade não há para os maçons na ilha-prisão, e que, dentro dos Templos há uma sala onde fica um "comissário do povo" que analisa a ata das reuniões tão logo elas terminem.

Obviamente deve haver escutas dentro dos Templos cubanos. Os maçons cubanos apoiam o regime (se é que apoiam mesmo) por falta de opção e de liberdade. Um preço caríssimo que pagaram por serem condescendentes com o comunismo.

O pior é que o Brasil está indo pelo mesmo caminho. A inércia da Maçonaria ante a esquerda que domina e está aparelhando o Estado brasileiro vai lhe custar muito caro.

Para quem não sabe, o 4º Congresso da III Internacional ocorrido em Paris em 1922 determinou a eliminação da Maçonaria nos países socialistas. E como vcs sabem, essa eliminação não foi simbólica.

O problema é que PT e o PSDB são participantes oficiosos da III Internacional, portanto, não estamos totalmente seguros no Brasil.

Postar um comentário