quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

PATRIMÔNIO EM RISCO?...e todos dizem amém?

Humm...já vi esse filme!
"Venda do prédio da maçonaria será o próximo lance"
Fonte: www.180graus.com/maçonaria em 18/12/2011

"Segundo anúncio proferido pelo assessor jurídico do atual Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Piauí, o advogado e ex-juiz de direito de Campo Maior (PI), Antonio da Silva Brito Filho, o prédio que hoje abriga a imponente sede da Instituição e todas as Lojas de Teresina, será vendido. A comunicação foi feita por ocasião de uma reunião interna, realizada no dia 10 do mês corrente, com a presença de toda a cúpula administrativa da Grande Loja e de vários representantes de Lojas da jurisdição. O produto da alienação, segundo alega, teria como destinação o financiamento de um denominado “complexo maçônico”, em andamento no entorno desta Capital, com finalidades futurísticas, cujo conteúdo ainda é de pouco conhecimento pelas bases da Instituição. Fala-se na construção de um hospital, proposta de apelo plástico que a todos encanta. Sabe-se, porém, que na prática a sua exeqüibilidade é altamente complexa, visto que depende de altos investimentos, principalmente se a motivação for de ordem econômica, visando auferir lucros. Caso seja de ordem humanitária (compatível com a doutrina maçônica), haveria a necessidade da existência de um substancial fundo financeiro, alimentado pelos adeptos da Ordem, conforme ocorre nos países em que a comunidade maçônica dispõe de alto poder aquisitivo. O encanto inicial poderá se converter em um canto de sereia. A desconcentração faz parte da boa técnica administrativa, desde que não comprometa o patrimônio imobiliário pré-existente da entidade. Juridicamente a maçonaria é regida pelas leis civis da República, especialmente pelo Código Civil Brasileiro que, em seu art. 53, assim se expressa: “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos”. Muito embora se trate de ente de direito privado, mas por deter caráter de interesse coletivo e social, a sua administração deve ser pautada, por analogia, nos princípios constitucionais que regem a Administração Pública, quais sejam os da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência (art. 37, da CF/88). O imóvel sob enfoque detém, com certeza, um significativo valor de mercado. Todavia, o seu valor histórico supera qualquer avaliação econômica, visto que a história não se vende. Sua edificação foi marcada por “Sangue, Suor & Lágrimas”, alusão ao título do livro do pensador inglês Richard Donkin (Editora M. Books), no qual retrata os valores intrínsecos do trabalho. O tradicional prédio da Grande Loja, situado na Rua Simplício Mendes, teve a sua construção iniciada há mais de 60 anos, quando aquele logradouro ainda se chamava de Almirante Tamandaré, passando, ao longo desse tempo, por diversas reformas e melhorias de ordem utilitárias. Tijolos e argamassas foram temperados com o cimento místico dos ideais de Antonio de Castro Franco, Júlio Mendes Vieira, José Eduardo Pereira, Antonio de Araújo Chaves, Genésio Quaresma Dourado, Martinho Ribeiro de Sá, Manoel de Barros e Silva, Carlos Del Prestes Monteiro, Osiris Neves de Melo Filho, Ernâni Napoleão Lima, e mais a colaboração desinteressada de Antonio da Rocha Andrade, Raimundo de Araújo Chaves, Hermes Dias Pinheiro, José Carvalho, José Sobrinho, Djalma Correia, Coronel Jerônimo Alves, Francisco Martins Eulálio, Antonio Xavier Neto, Nestor Coelho, Raimundo Antunes Ribeiro, Desembargador Turene, Clidenor de Freitas Santos, Deusdedith Mendes Ribeiro, Valdir Edson Soares, João Bandeira Monte, Raimundo Daltro Galvão, Osvaldo Pierotti, Orlando Martins Pinheiro, Antonio Ivan e Silva, Luis Gonzaga Brandão de Carvalho, Carlos José de Souza, José Cláudio Fernandes Liberato, Rufino Damásio, João Brandão Mendes e tantos outros valorosos obreiros.

Toda essa história não poderá ser varrida com uma simples penada, lançada em um contrato comum de compra e venda. Ademais, as atuais instalações do edifício-sede da Grande Loja se mostram plenamente confortáveis e funcionais para a utilização a que destinam, não havendo, em absoluto, justificativa para o seu descarte. Ampliações racionais e necessárias, mesmo que em outros espaços geográficos, sempre serão bem vindas. Desrespeitar as tradições e os valores históricos é negar o compromisso com os postulados fundamentais da Ordem. Os interesses pessoais, neste particular, jamais poderão se sobrepor aos interesses livres e conscientes da maioria. Se ficarmos inertes à velada ameaça e a prevalecer a filosofia da Maçonaria-Empresa, defendida pela atual administração, a venda do prédio da Grande Loja será o próximo lance."

Narciso Monte
narcisomonte@uol.com.br

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