De todo tipo de dificuldades porque passamos ao longo da vida, talvez as de ordem financeira sejam as piores porque representam riscos à própria sobrevivência física, da vida social e da família; muitos superam, passam pelos obstáculos, outros caem e não se levantam mais. Nessa realidade vivem milhares de irmãos, em diferentes situações, alguns com problemas muito complexos, outros menos, mas como dificuldades não se relativizam, cada um experimenta o seu sofrimento na situação em que se acha metido.
Em nosso meio, entretanto, há outra dificuldade não menos angustiante, que é a sobrevivência nas fileiras maçônicas dos que lutam contra o maniqueísmo do poder que tenta subjugar as críticas e as opiniões discordantes com sórdidas manobras manipuladoras e não com as legítimas ferramentas de direito. Em geral as dificuldades, sejam quais forem, não se resumem apenas nos problemas em si, mas na inexistência de alguém pronto a intervir para defender ou para socorrer, que deveria partir não de um, mas de vários irmãos especialmente os da própria convivência. Mas infelizmente o que muito se encontra é um “salve-se quem puder”, muitos preocupados apenas com a própria pele. Quem passou ou passa por isso sabe o que significa ser ignorado pelos seus próprios pares, por aqueles que escolhemos irmãos.
Ao longo de anos testemunhei irmãos atravessando fases muito desfavoráveis na vida, procurei dar alguma colaboração por mais modesta que fosse, pude ajudar a minimizar alguns problemas, e à época não imaginava que angústias parecidas me abateriam um dia. Hoje, depois de muita superação, de “muita água debaixo da ponte”, percebo que os percalços da vida atingem precisamente aos mais atuantes, aos mais atirados, os mais empreendedores. Nessa legião abatida pelo sofrimento dificilmente se vê um servidor público com estabilidade
que se ateve apenas às suas funções, ou alguém que tenha nascido em berço esplêndido e que apenas tenha se deitado lá; encontramos os que enveredam na construção de negócios na indústria, no comércio, na atividade liberal, os atores das causas sociais, todos que assumiram riscos da atividade profissional em meio ambiente empresarial sobrecarregado de impostos e altos encargos sociais. Não são desocupados ou vadios que capitulam, são desajustados na conjuntura social, talvez por terem crido onde não deveriam, ou apostado contra cartas marcadas. Capitula-se porque pelas lentes da imaturidade e inexperiência vê-se um mundo de fantasia repleto de lealdade e consideração onde o atirado empreendedor torna-se facilmente um temerário, que na dificuldade decorrente fica frustrado e descrente com a frieza dos iguais no momento em que se está mais carente, no mais fundo do poço.
que se ateve apenas às suas funções, ou alguém que tenha nascido em berço esplêndido e que apenas tenha se deitado lá; encontramos os que enveredam na construção de negócios na indústria, no comércio, na atividade liberal, os atores das causas sociais, todos que assumiram riscos da atividade profissional em meio ambiente empresarial sobrecarregado de impostos e altos encargos sociais. Não são desocupados ou vadios que capitulam, são desajustados na conjuntura social, talvez por terem crido onde não deveriam, ou apostado contra cartas marcadas. Capitula-se porque pelas lentes da imaturidade e inexperiência vê-se um mundo de fantasia repleto de lealdade e consideração onde o atirado empreendedor torna-se facilmente um temerário, que na dificuldade decorrente fica frustrado e descrente com a frieza dos iguais no momento em que se está mais carente, no mais fundo do poço.
Há alguns anos ao experimentar o sabor dessa terrível odisséia de queda e afastamento de irmãos, restavam duas alternativas: desesperar e deprimir, ou redirecionar energias e lutar, usar o racional, resgatar. Novas atitudes foram implementadas frente às encruzilhadas de urgentes escolhas, num momento crítico, que mostraram como, nessas horas, aparecem insuspeitadas habilidades que entram em ação. Comparo a situação àquele soldado de infantaria que precisa mudar de posição no campo de batalha, se deslocar para posição mais favorável
de combate e de proteção, só lhe cabendo duas opções: ou desiste de correr em frente à linha de fogo acreditando que a ajuda virá de sua inércia, ou parte ao meio do fogo inimigo em busca do outro lado, ziguezagueando em meio a obstáculos e balas, substituindo o medo pela adrenalina da luta, da busca, da conquista. Mas a solitária corrida pode ser mais favorável com a ajuda de um pelotão que dê cobertura com saraivada de cargas no fronte contra as linhas inimigas, puxando os que escorregam e caem pelo caminho, recolhendo os feridos que não podem se levantar sozinhos.
de combate e de proteção, só lhe cabendo duas opções: ou desiste de correr em frente à linha de fogo acreditando que a ajuda virá de sua inércia, ou parte ao meio do fogo inimigo em busca do outro lado, ziguezagueando em meio a obstáculos e balas, substituindo o medo pela adrenalina da luta, da busca, da conquista. Mas a solitária corrida pode ser mais favorável com a ajuda de um pelotão que dê cobertura com saraivada de cargas no fronte contra as linhas inimigas, puxando os que escorregam e caem pelo caminho, recolhendo os feridos que não podem se levantar sozinhos.
Houve momentos em passado recente em que quase me abati pela descrença e pelo desespero, me ví caído em campo ao lado de soldados amedrontados e titubeantes que não puderam, não tiveram forças para me estender as mãos. Felizmente em 2008, um soldado de outro destacamento me apoiou num sério enfrentamento judicial e acabei tendo o precioso apoio no meio do grande sofrimento vivido; de novo, em 2010, dois outros membros de outros pelotões vieram ao meu encontro para socorrer familiar de minha casa duma angustiante situação que vivenciava; e de novo agora em 2011 encontro uma legião de irmãos, aliás, todo um pelotão aguerrido, que se postara em posição de combate contra desmandos e tentativa de manipulação escusa contra mim. Esses momentos trouxeram riquezas que guardarei para toda a vida: o fortalecimento dos meus sentimentos de união e amor pela minha família carnal, pela minha verdadeira família maçônica e o entendimento que vale a pena viver entre os companheiros da corporação que de fato se importam.
O essencial à nossa vida não custa dinheiro, não está no dinheiro e está sempre ao nosso alcance, bastando mudarmos o necessário em nossas posturas e em nossas crenças. Amizade é o maior dos bens que podemos acumular na vida, pois amigos verdadeiros não deixam amigos em desamparo. Ocorre que só receberemos daquilo que sempre damos: se precisamos de carinho, precisamos ser carinhosos, só receberemos o apoio que necessitarmos se sempre apoiarmos os necessitados. O egoísmo isola e torna vulnerável.
Já passou da hora de se desligar o piloto automático, de acordar do torpor e da inércia que fecha olhos às maiores discrepâncias de comportamento dentro donde mais se ensina bons modos. Precisamos nos inteirar dos problemas que afligem e incomodam os nossos, precisamos ficar também incomodados com o sofrimento que existe entre nós, precisamos sair do discurso e agir, precisamos tirar nosso irmão do meio do fogo cruzado em que se meteu.
Parece que a dignidade de irmãos socorrendo irmãos é, atualmente, uma condição de espírito e uma prática maçônica pouco entendida e pouco reconhecida como essencial. Mas é justamente a solidariedade maçônica, tão pouco praticada, que parece estar “démodé” para muitos, aquilo que dá sentido aos fraternos beijos, aos juramentos inúmeros que conhecemos e aos incontáveis postulados que se estuda e que muitos falsamente afirmam que é para serem praticados. Esses fatos decepcionam e desmotivam a ponto de levar muitos a deixar as colunas operativas, embora outros se mantenham ativos por teimosia, pela esperança de mudanças e para estar ao lado de leais e verdadeiros amigos que acreditam no “um por todos e todos por um”, a garantia da segurança para nós e para nossa família carnal a partir da nossa família maçônica.


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