Quando tratamos de iniciar algum candidato em nossas Lojas sempre recomendamos que preste atenção em tudo que ocorrerá à sua volta. Assim aconselhamos para que o candidato desfrute da beleza que os ritos impõe e da profundidade de cada momento, e assim agimos para que se despertem todos os sentidos e que o iniciado ao longo de sua jornada maçônica tenha em mente a significação daqueles atos desenrolados no curso de sua iniciação.

Com o passar do tempo o iniciado desenvolve o intelecto com a impregnação dos conceitos e fundamentos filosóficos da maçonaria. Alguns assimilam toda essa carga de preceitos e de certa forma abdicam de alguns conceitos profanos em prol de uma ordem verdadeiramente séria. Outros tantos são inseridos na ordem e desenvolvem aptidões morais e intelectuais.
No entanto tenho percebido que poucos, pouquíssimos mesmo, desenvolvem aquele predicado exigido na iniciação; a percepção do que ocorre a sua volta. Não é incomum verificarmos que aquele maçom extremamente dedicado à sua Loja e aos preceitos que são próprios da ordem maçônica, convertam-se em dedicados cultores do liturgismo que impregna as reuniões, e que mais do que isso, se transformem em verdadeiros baluartes da moralidade maçônica.

A par disso, normalmente os que se esmeram no rigor ritualístico e se arvoram detentores do conhecimento pertencem a uma categoria de maçons que particularmente reputo da pior qualidade. São os covardes da ordem, que sempre a pretexto de cumprimento de um preceito maçônico não emitem opiniões, não toleram a crítica e não enfrentam situações que possam colocar em riso suas regularidades na ordem. São aqueles que esperam os resultados para alinharem-se a posições vencedoras. São os omissos a que me refiro.


A todos esses haverá de ser conferido o perdão pela fraqueza, porque certamente foram mal iniciados. Não lhes exigiram naquele momento solene que desenvolvessem a percepção. Ficaram, portanto, restritos à contemplação e assim permanecem. Os poucos que caminharam pela trilha da perfeição iniciática por certo desenvolveram seu sentido crítico, sabem onde estão, porque estão, o que esperam da ordem e no que podem contribuir. São os pouco dotados de uma capacidade sensorial a qual reconhecemos por sintonia fina.
Eduardo Capua de Alvarenga V.´.M.´.
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