segunda-feira, 11 de abril de 2011

COMENTÁRIOS SOBRE O EDITORIAL DA REVISTA A VERDADE nº482 de janeiro/fevereiro de 2011


O editorial começa assim:

"O caminhar de um homem pelo planeta deve ser registrado não apenas pelas suas pegadas na areia. Todos nós temos a obrigação de deixar nossa contribuição, nosso quinhão de colaboração na obra do Grande Arquiteto de Universo."

Quem acredita que marcas na areia são registros perenes? Quem está a deixar na areia pegadas que não se apagariam, seja qual for a situação, na praia, no leito de um lago ou rio, ou mesmo enfiando o pé na caixa do seu gato? E pensar que estamos marcando nossos passos como fez o jesuíta José de Anchieta, que em momentos de profunda reflexão e devoção, depositou versos do “Poema à Virgem Maria”, nas areias de Itanhaém. Mas sabemos que na verdade essas são situações radicalmente distintas.

Refletindo com cuidado, entretanto, chega-se à conclusão que o editorial está coerente quando afirma que marcamos passos na areia, pois é mesmo o que estamos fazendo enquanto experimentamos a atual política social inoperante e inexpressiva da GLESP; tudo o que se tem visto até agora é mesmo escrever-se na areia e se falar ao vento; muitos discursos, incansáveis conselhos, mas atitudes e exemplos, cadê? Também neste editorial, mais uma vez é citado o Livro da Lei, em passagem do novo testamento, em que Jesus cita que somos o sal da Terra:

“VÓS SOIS O SAL DA TERRA (MT. 5:13) - A primavera cantava às margens do Rio Jordão, onde a relva verde parecia bordada com mil flores em tons variantes, contrastando com as manchas dos carneiros que ali pastavam... Jesus dirigia-se à praia. Seu olhar parecia perdido em pensamento que ninguém podia adivinhar. A eterna Lei havia reunido ao Seu redor os doze apóstolos comprometidos em Sua missão. Foi a primeira vez que Jesus repartiu o pão e o vinho, para iniciar uma amizade duradoura, forte e profunda,  à beira do Mar da Galiléia, sob uma tenda de pescadores,selando a união fraternal entre os homens que iriam, juntos, pregar as leis de amor, honestidade, misericórdia e perdão. O sal, muito precioso, é comparado ao homem que com seus irmãos fazem pelos outros. Onde ele é colocado (além de temperar o alimento, equilibrar) não há podridão nem decomposição, sendo, pois, um elemento de grande importância. Portanto o Divino Mestre comparou seus seguidores ao "SAL DA TERRA", afirmando com energia:  Vós sois o sal da terra, mas se o sal se desvirtuar, com que se salgará? Para nada então será aproveitado, senão para ser jogado fora e para que o pisem os homens".

Esta é uma das passagens do Sermão da Montanha, que se segue após as exortações das Bem-Aventuranças. Como todo o Sermão da Montanha esta afirmativa é de grande profundidade para o entendimento da mensagem de Jesus. Trata-se da primeira de uma série de afirmações de caráter amplo, considerando o sal que apesar de não ser alimento, serve para ressaltar o sabor dos nutrientes e para conservá-los, sendo indispensável à vida e, no entanto, danoso quando em excesso. A água de dentro dos tecidos vivos movimenta-se pelas diferenças de concentração do sal. O corpo humano retém a água devido ao sal que contém. Colocado na terra, a esteriliza. Em contato prolongado com a pele, a destrói. Não tem cor. Não tem cheiro. Não tem forma. Desaparece nos líquidos. Por si mesmo, vale pouco, misturado, vem a ser a alma do mundo. Sem o sal a vida não teria forma, os alimentos não teriam sabor. A própria terra necessita certa quantidade de sal para produzir.
É desta mesma forma que somos "sal da terra" e precisamos da mistura e da interação com os outros e com o mundo, pois toda potencialidade só tem valor se for para temperar a vida. Concentrada em si mesmo, é destrutiva. O homem que vive dentro de si mesmo, com e para os seus pensamentos e o seu raciocínio, vivendo para o seu egoísmo, torna-se um ser que destrói a terra onde pisa. Misturado, interagindo com os outros seres, mesmo em pequenas quantidades, torna-se capaz de executar as grandes obras. Grandes obras que não são ele, o "sal da terra", mas que sem ele não existiriam.  Este é o tempero da terra! Uma grande quantidade de sal torna tudo estéril, como está se vendo nos dias de hoje na maçonaria da GLESP, quando tanta gente se refestela, vivendo só para si, sem se relacionar com os outros e com o mundo. Cada um de nós maçons por si só não representamos nada, o valor está no relacionamento entre Irmãos, na sociedade, no mundo! O maçom existe para dar força e beleza ao que existe, para ser o tempero do mundo, para as coisas porque vive terem uma finalidade. Sem se misturar com os outros e com o mundo, torna-se insosso, deixa de ter valor, deixa de ter sentido, torna-se destrutivo. Do pouco que sejamos, se formos misturados às coisas do mundo, faremos com que tudo seja grande, belo e tenha sentido. Da mesma forma que uma pitada de sal torna o alimento saboroso, o pouco que o maçom seja com seus Irmãos é capaz de transformar as coisas do mundo. O maçom não vale nada por si mesmo; na medida em que se julgue importante vai se tornando um monte de sal.

Entretanto, a inércia nos consome. Qual é o protagonismo da GLESP para este ano, e o plano plurianual desta gestão? Será que há? Não é feito nada, não se usa os talentos de que dispomos; a administração da GLESP não aproveita o poder para a sensata persuasão dos seus pares, e por outro lado, camufla sua insignificância com discursos motivadores, mobilizadores, sem coerência com os exemplos que pratica. Temos discursos, mas não temos atitudes; temos receitas, mas não pomos mãos à obra. Somos insípidos porque discursos não temperam a vida; as atitudes são o tempero que dá sabor à vida!
Está se tagarelando e se desperdiçando sal com trigo e água, para pão e circo, escolha que vai longe da preferência dos exigentes do paladar, que com boca amarga e seca, lamentam o alimento que falta: carece-se de um bom “chef gourmet” que dê o tempero certo à receita certa. Sem objetivos claros, acredita-se que todos os caminhos que levem à cozinha servem, faz-se até omeletes, com casca e insossos.

"Vós sois o sal da terra, e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens."



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