Passa-se o
tempo e em 1974 vou eu comandar a PMSP. Veio logo a minha lembrança o fato
narrado pela socióloga. Assumo o comando e recordo-me de ter sido apresentado
ao Ten. Cel Camilo, comandante do 14º Batalhão de Menores. A luz acendeu. Logo no começo
marquei uma inspeção ao tal Batalhão que era responsável pela vigilância da
murada do presídio. A parte interior era de outra repartição e a polícia lá não
podia entrar. Ao chegar vi logo que aquilo era pior do que o inferno de Dante.
Sujo e onde tínhamos criança havia tristeza e total falta de amor. Fui dar uma
volta por dentro e a cada passo tinha minha revolta aumentada.
Chego lá no fundo e num bandeiro imundo uma criança
deitada no cimento bruto. Olho os pés noto feridas e pergunto o que era aquilo
e informam-me que roída de rato. Confirmou-se o que a socióloga tinha escrito.
Esta criança estava queimando-se de febre. Vou saindo e
um menino de uns sete anos acompanha-me e afirma o seguinte: “Meu senhor, quando sair daqui irei matar, não sei quem.
Fui estuprado e nada foi feito para me defender. Entendeu?”. Com lágrimas nos
olhos sai e prometi que alguma coisa tinha que ser feita.
Fui ao meu
Secretário de Segurança, cel Erasmo Dias. Não quis acreditar no que tinha
ouvido e foi até lá. Saiu traumatizado e de logo agiu juntos as “autoridades
competentes”. Tenho nojo desta expressão por ser apenas uma falsidade terrível.
Deveria ser “incompetentes”.
Tomei
conhecimento de que havia um programa de apoio ao menor abandonado na PMSP. À
frente do programa uma mulher notável e comandante do Batalhão feminino - cel
Janete. Dei todo apoio e os meus comandantes de Batalhão (homens notáveis)
desenvolveram o programa e se não me engano chegamos aos 40.000 menores que
ajudávamos. Conheci, no interior, um advogado que menino recebeu apoio do
programa.
Ia mudar o
governo e sou convidado a ter entrevista com um novo assessor do próximo
governo. Quando o mesmo tocou no problema do menor coloquei toda a minha raiva
para fora. Era um revoltado. Com o aperto do Erasmo ouvi um balanço e o novo
escolhido em lugar de olhar o menor ficava perdendo tempo para saber se o carro
oficial era DOOGE DART ou CHEVROLET. Ele queria o primeiro por ser de maior
estatuto e falei que já tinha acabado com o tal Batalhão de menores, pois a Polícia não era para isso. Terminado a
entrevista o assessor riu e diz: “Torres em sou coronel do Exército e não falei
para lhe deixar bem A VONTADE. Vai mudar
e no governo Paulo Egídio Martins mudou e um homem deveria ter ao menos
uma placa de agradecimento e nem se fala nele por ser um homem digno.
Agora vejo que
voltamos ao que vi quando lá cheguei. Sabe qual a razão: Falta AMOR. A indicação é
política e devem até roubar a comida dos menores. Posso estar errado, mas o
problema importante e o tipo de carro do diretor. Preguei a criação de colégios internos nos moldes dos
Colégios Militares. A mentalidade que militar não presta e bom é ladrão
político tudo continua o mesmo no Quartel de Abrantes. É a política de mudar
para ficar no mesmo.
batistapinheiro30@yahoo.com.br
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