A política maçônica é diferente da política partidária do mundo profano. Entre irmãos não há partes, não existem partidos que representam segmentos distintos, somos um corpo único e apenas simpatias pessoais, projetos mais edificantes ou preferências por mais ou menos política na condução da gestão de nossas instituições é o que faz nossas escolhas diferentes. Nos igualamos na iniciação, somos todos construtores sociais comprometidos com a transparência e com a legitimidade; nos preocupamos especialmente com nossa irmandade, nossa amizade, nosso convívio e não devemos nos afastar nem nos dividir.
Como o Ven. M. não deve tomar partido em suas Oficinas, nem optar por chapas nas disputas eleitorais entre Irmãos, também não deveríamos ver dirigentes maçônicos a defender grupo de Irmãos em pleitos eleitorais da Potência como se existisse um partido "chapa branca" da situação. Todos sabemos que as instituições não melhoram nem evoluem com o continuísmo sem alternância de poder, e temos consciência de que esse valor que chamamos democracia é o maior e mais antigo legado que a maçonaria trouxe à sociedade. Como podem maçons agirem contrariamente a isso?
Espera-se dos irmãos mandatários em final de gestão a atuação como legítimos maçons que defendem a democracia plena e isenta, que sejam equânimes, ou seja, que tenham imparcialidade, que dêem igualmente oportunidades a todos de forma uniforme. Novos pretendentes ao poder são novos idealistas, não são inimigos que intentam derrubar o poder. A liderança no governo deve conduzir com a serenidade esperada do estadista que percebe a missão cumprida e que é chegado o momento de passar a baliza como nas provas de revesamento, quando novas forças assumem na mesma equipe, num esforço contínuo para fazer o melhor. Ocorre que mesma equipe em maçonaria significa todos nós, todos que lutam por mais progresso na Ordem, não um grupo específico escolhido porque já faz parte do poder, não o mesmo grupo que já está com a baliza há algum tempo... não há justificativa de continuísmo em hipótese alguma.
É claro que irmãos se preparam para assumir mandatos, o que não significa que assumirão... deverão submeter-se democraticamente à opinião pública pelo sufrágio universal. Entretanto, é desleal apoiar alguém em detrimento do apoio ao natural sucessor já comprometido, e pior, por motivos inarráveis... é nojento ver que se copia a política profana de tentar eleger "postes" como se fôssemos um bando de ignorantes políticos como ocorre na sociedade em geral. Os "postes" têm só um fim, manter a dominação, a influência... o muito conhecido "não largar o malhete!" Tem-se percebido uma "contra-maçonaria" em se tratando de ideários políticos pois parece que estamos mais afeitos ao totalitarismo do que à democracia.
Em qualquer política democrática a relação não é de comando e obediência, e o espaço político não se restringe às instituições estatais ou à práxis dos partidos políticos; política democrática se exerce onde haja atividades em que se delega poderes representativos pelo voto, onde haja militância para conquista dessa delegação, como acontece conosco na escolha de dirigentes de Lojas e de Potências. Os dirigentes maçônicos não são donos do poder, são nossos delegados, delegados do poder que é nosso, de cada irmão. A política desenvolvida nesse meio é construída com atitude pluralista que move pessoas diferentes a se juntarem para a realização de um bem comum que não poderiam fazer sozinhas. A virtude de um estadista consiste em não impor sua mundvisão, mas em compreender a maior quantidade e variedade de realidades, pois isso é um bem à instituição. Um estadista se compromete em instaurar o fim último da política que é a amizade, a união de todos, o sentimento de não estar só, de estar disposto a partilhar e a entender o ponto de vista dos outros.
Ao assistir a movimentos agressivos de persuasão como a reunião dos delegados distritais da 5° Região, registrada em vídeo, fica-se perplexo ao perceber as ferramentas que esses irmãos estão dispostos a usar para tentar se perpetuar no poder. Tentam construir persuasão, tentam convencer multidões (ação em massa) com exposição de poder, pois são delegados, e acreditam que com isso automaticamente "a massa irracional" os seguirão como a um guia poderoso... que tolice! Essa atitude, que para nós não "pega", é típico uso de autoridade no intento de persuadir, é uma forma de ação de governo pela violência, algo muito conhecido em sociologia, pois "...persuadir para fins próprios investido no poder é uma forma de prática da coerção." (Arendt, 2009, p.54-55). Alguns no vídeo nem sabem o que estão fazendo: querem convencer... sem se darem conta de que estão eles mesmos sendo manipulados. Nesse videozinho aparecem "personalidades" declarando que "esperam um futuro melhor do que hoje...", mas como, se estão no poder há 2 mandatos e nada fizeram de útil à maçonaria e à sociedade em geral, a não ser muitos discursos e projetos pirotécnicos que ainda jazem no papel. O que esses esperam do continuísmo se eles próprios viveram uma gestão politicamente incompetente nas demandas sócio-políticas de nosso estado e de nosso país?
Será que para vivermos juntos de maneira legítima e política estamos condenados a legitimar que alguns têm o direito de mandar com despotismo e os demais são forçados a obedecer? É essa a tradução que fazem de Obediência, Potência?
A política com a participação de todos deve ter oposição questionando os que decidem e os que executam. Regimes autocráticos corrompem as relações de solidariedade, a tirania isola as pessoas, priva-as das relações com os seus próximos impondo uma ideologia particular; a autocracia cria o terror com objetivo de impossibilitar a resistência, inibir a ação dos contrários; disso posso falar com conhecimento de causa, pois por causa do que digo neste blog, fui expulso da Loja que ajudei a fundar em razão de ameaças feitas pelo atual GM, que dissolveria a Oficina caso eu permanecesse no quadro de obreiros. Tenho prova material desta excrecência que estou noticiando aqui. Pois então, ganhei um "Ex-Officio", e até hoje, sem nenhum ato legal, esse "mandatário transparente e sereníssimo" impede minha filiação em outra Loja. Continuo regular mas sem loja... já viram algo assim? Que ardil... uma verdadeira emboscada com coerção, ameça, e tudo de direito ao mais perfeito vilão dos filmes e das telenovelas... uma vergonha para nós maçons. É esse continuísmo que desejamos?
O medo é o que move os ardilosos tiranos, pois temem a imprevisibilidade de que homens são criativos e que podem produzir algo novo maior e melhor do que suas mentes têm capacidade de idealizar. O tirano necessita de um mundo com reflexos condicionados, por isso, o objetivo supremo dos governos totalitários não é a utopia da transformação social, mas a transformação da natureza humana em capachos que se vendem por "presentes", que podem ser comendas, cargos, medalhas, faixas, etc... Tiranos buscam rebaixar a condição humana para um nível que possam suportar, ou entender, ou controlar; tentam criar seres condicionados capazes de lealdade total, irrestrita, incondicional e inalterável, prontos para não obedecerem a nenhum outro princípio organizador a não ser o encarnado na pessoa do chefe... verdadeiros marionetes com o mesmo comportamento dos cães de Pavlov, todos com reações perfeitamente previsíveis... basta ver o vídeo de discursos encomendados, e alguns tão espontâneos que precisam ser lidos. O vídeo está disponível na matéria "Uso descarado da máquina... que vergonha" publicada em 25/01/2013... confira! É muito triste ver maçons embarcando nessa....
Um comentário:
Então caro Marcos Figueira, o que você acha agora da prática que tem sido adotada pelo atual mandatário em relação à retaliação aos dissidentes? Será que com isso você começa a questionar se vale a pena ser "cabo eleitoral" dessa turma?
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