sábado, 21 de janeiro de 2012

PROLIFERAÇÃO DE POTÊNCIAS?.... "é bom olhar o próprio rabo!"

É grande a dificuldade de resgate da imagem da maçonaria como entidade depositária do crédito moral e do proativismo social, democrático e patriótico do passado. Essa dura realidade é devida à queda moral de muitos maçons, não todos, mas de verdadeira legião de oradores de belos discursos repletos de falso moralismo, resultado do menor cuidado na admissão de novos integrantes, num desespero para aumento da quantidade e não da qualidade, mal que contamina epidemicamente a instituição que se propõe pilar da moral e do aprimoramento social. A desmotivação, a desmobilização, a desmoralização decorrem dessa indiscriminada aceitação nos quadros da instituição de integrantes sem perfil adequado, apenas livres e de bons costumes atestados nas certidões negativas mas sem aptidão pela luta político-social, pelos enfrentamentos conspiradores, pela articulação e infiltração no tecido social em busca do poder em prol dos valores da filosofia maçônica.

A maçonaria precisa que se siga com  intensa determinação  a prática ensinada nos templos, que se cumpram de verdade seus juramentos ao pé da letra, não simbolicamente, não num “teatrinho de mentirinha”, numa espécie de jogo lúdico de “faz de conta”, induzindo desde o inicio, no firmamento dos compromissos na admissão dos novos, à prática de uma mentira que planta o entendimento de que “as coisas são apenas simbólicas”, não são pra valer! Se fosse praticado o prometido combinado, aplicando inclusive as penalidades impostas aos perjuros, a Ordem estaria de volta às origens, precisando inclusive se valer com maior responsabilidade do expediente do segredo.

Parece que temos uma comunidade de maçons  alienados, que não  percebem que a manipulação de interesses a que estão sujeitos faz com que  o propósito teórico por que existe a maçonaria seja entendido mas não compreendido do por que não exeqüível na prática. Os longos discursos sem úteis desdobramentos e  a discordância das atitudes desses oradores na vida profana, acabam cansando e desanimando: muitos desistem, outros investem em novas tentativas, novas lojas ou novas potências. A imoralidade de alguns acaba por desmoralizar o que muitos construíram com suor e sangue no passado. A ascensão de lideranças cada vez mais interessadas em se perpetuarem no poder, exercendo mandos sem compartilhamento, vangloriando-se de seus pequenos e equivocados feitos inexpressivos é o que nos destrói; chega a dar nojo algumas figuras que estão no comando de algumas potências. Mas além disso, há um exército de indolentes e coniventes filiados à Ordem que possibilita a perpetuação de tudo. Algumas potências tornaram-se máquinas eleitorais internas desvirtuando-se do propósito de ser o corpo normatizador do conjunto de lojas maçônicas na  liderança na sociedade. Mas tal intento demanda gente capacitada.

Há irmãos que se curvam e aplaudem os desmandos, há pregadores da moral, da dignidade e da coragem convivendo com a imoralidade, não se indignando com as injustiças e com a censura da liberdade. Temos mediocridade na estrutura toda, da base às lideranças; é a razão da difículdade de mudança de pronto: é necessário selecionar melhor o ingresso de novos obreiros para termos melhores dirigentes no futuro. “Cada povo tem o governo que merece”, ou que consegue.

Cada ser humano tem sua escalada, tem sua missão, segue sua aptidão e se realiza, encontra a pessoa certa e  se completa, segue  a crença que lhe faz sentido, assim também é em relação à maçonaria, cada um deve seguir seu coração. Se ficar numa potência regular (cheia de problemas) porque se conforma ou deseja lutar por mudanças (luta, e muita luta) tudo bem, mas se não agüenta mais determinada situação, então, também tudo bem ir para outra potência ou fundar uma nova. Eu prefiro ficar onde estou, lutar pelo aperfeiçoamento, mas todos os caminhos servirão para crescimento de si e de outros que se seguirão. É prepotência julgar as atitudes dos outros; na verdade o que vai dentro de cada um é muito particular, são valores só da pessoa. Desejar que todos pensem e ajam em sintonia conosco é querer que as coisas sejam do nosso jeito, de acordo com nossos valores. Nada há no mundo criado pelo homem que seja a real expressão da verdade oculta, e, portanto, ninguém tem o aval sobrenatural de credenciar algo espiritual, filosófico, místico ou iniciático como legítimo ou ilegítimo. Como uma religião ou uma crença, todas levam ao mesmo propósito, são apenas caminhos diferentes, roupagens diferentes. Quanto mais nos espiritualizamos, quanto mais nos ligamos a valores universais, como o amor, por exemplo, mais estaremos suscetíveis às intuições próximas das realidades divinas. Entretanto, somos humanos, sempre distantes da verdade absoluta, tão ampla e grandiosa demais para nosso entendimento nesta encarnação.

"...é bom olhar o próprio rabo!"
Não devemos  alijar as potências que trabalham com dignidade, que não se valem de filiações por internet e nem de outras barbaridades, independente de onde se ligam ou de reconhecimentos que ostentam. Muitas foram fundadas por maçons que estavam saturados da politicagem operante nas potências ditas regulares, do ninho de manipulação, da perseguição e das “panelinhas”; muitos se cansaram das incongruências dos "Landmarks". Fala-se demais, repete-se discursos de outros, pratica-se injustiça a muita gente de bem; muitos apontam para as inadequações dos outros e não percebem a estranheza de si  próprios, não   olham para seus próprios problemas internos, "não olham o próprio rabo". Ninguém detém a perfeição nem a verdade, muito menos têm o aval sobrenatural do GADU para credenciar ou legitimar o que quer que seja.

Ir. Edson Monteiro

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