Patriarca critica influência da Maçonaria na "coisa pública"
O cardeal Patriarca de Lisboa criticou, esta terça-feira, "a influência directa" da Maçonaria na "coisa pública", e admitiu não ver "necessidade" dos políticos assumirem-se como maçons.
foto João Girão/Global Imagens

Fonte: Alexandra Serôdio
Jornal de Notícias http://www.jn.pt/
O cardeal Patriarca de Lisboa criticou, esta terça-feira, "a influência directa" da Maçonaria na "coisa pública", e admitiu não ver "necessidade" dos políticos assumirem-se como maçons.
foto João Girão/Global Imagens
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D. José Policarpo |
"Não vejo porque se têm de assumir, não vejo que seja necessário. Assumem-se como maços e depois vão ter de assumir que são do Sporting ou do Benfica?" questionou D. José Policarpo, admitindo não ser "relevante". Para o Patriarca "outra coisa é se a Maçonaria tem influência na coisa pública" e "isso está mal". Falando aos jornalistas em Fátima, após a reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o Patriarca lembrou que esta "é a primeira vez que a Maçonaria está nas bocas do mundo". "Hoje a Maçonaria faz parte da sociedade, é conhecida há muito tempo, tem influência na coisa política. Só me admiro é que haja gente a surpreender-se com isso" afirmou D. José Policarpo, garantindo que, para a Igreja essa "não é uma questão de primeiro plano, neste momento". "Numa sociedade como as nossas sociedades ocidentais, tudo o que se define como secreto, na essência, é um bocado incompatível, hoje só é secreta a intimidade particular das pessoas", assumiu.
Admitindo que a maçonaria "é uma realidade complexa", o cardeal Patriarca recordou que do ponto de vista da Igreja "não é compatível" ser católico e maçon, na medida em que "rejeitam aquilo que é o essencial da fé, a aceitação da Palavra de Deus e da revelação sobrenatural".
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Caros irmãos, vamos às considerações sobre essa matéria.
Resolvemos neste ano dar início à premiação do Troféu Banana; esse cardeal do Vaticano mereçe o troféu, é o primeiro premiado! Seu infeliz discurso propõe nos igualar a agremiações desportivas, sugerindo notório demérito desses valorosos clubes de futebol, nos induzindo a pensar que seu entedimento se limita a crer que essas instituições para pouco servem, talvez ao lazer irresponsável, sem finalidade prática na vida social. Esquece-se, ou não sabe, que esporte é saúde e inclusão social e que esses clubes tem inúmeras atividades sociais que são apoiadas por governos e pela sociedade civil organizada. Pelo contrário, nos honra, não nos ofende tal comparação, mas maçonaria, definitivamente, não é clube de futebol.
Talvez nessa infeliz comparação quisesse evidenciar nossa condição de entidade do terceiro setor, sem fins lucrativos, como as agremiações desportivas citadas, no que acerta, pois realmente aí nos enquadramos tal qual a Igreja Católica e todas as outras entidades religiosas do mundo; somos todos, verdadeiramente, Organizações Não Governamentais.
Quando diz "isto está mal", em referência à atuação da maçonaria na política, sugere que não é nossa incubência atuar na "coisa" política, como diz, o que é antagônico já que declara que é sabido que a Ordem sempre esteve exercendo influências na vida pública, na política, o que é fato. A história atesta que ao longo de séculos sempre praticamos tais influências em defesa da democracia, contra o opressão e pelo ideal republicano. A Igreja também sempre agiu politicamente, mas para implantar dogmas, calar em fogueiras os dissidentes, demonizar os que acreditava possíveis adversários, para não dizer concorrentes, como é o caso das religiões pagãs e da própria maçonaria. Não se trata de atitudes antigas perdidas no obscurantismo da humanidade em remotos tempos; são fatos contemporâneos como o alinhamento conivente da Igreja com o 3º Reich, e mais recentes ainda, discursos eclesiásticos como o que aqui se vê, intolerantes e preconceituosos. Sempre estivemos em lados opostos, nós da maçonaria ao lado da democracia e a Igreja ao lado da dominação, por isso a tradicional rivalidade. A recente política da Igreja aparenta direcionar-se ao arrefecimento das animosidades infundadas contra nós maçons, o que nos aproxima. Mas se esse discurso inconseqüente não for retificado publicamente pela autoridades eclesiásticas vaticanas, então estamos ainda em lados opostos. E não venham nos criticar, sem conhecimento de causa, pelos nossos segredos, pela nossa discrição, pelos nossos métodos. Tem o concílio dos cardeais, no qual essa Exma. Eminência é membro integrante, domínio público? É melhor pensar antes de falar!

A pérola final é o "misturar estações", o desfoque do assunto político abordado pela reportagem, com derivação para um discurso preconceituoso, injusto e gratuitamente agressivo. Falar sobre incompatibilidades absurdas entre maçonaria e catolicismo, num país como Portugal, de maioria católica, é instigar a rejeição aos maçons pela população que desconhece a essência dos fatos, a verdade. Temos todas religiões representadas em nossas colunas, inclusive católicos que não dão importância alguma para as restrições imaginadas por esse cardeal. Por outro lado, essas colocações não nos preocupa, pois esse discurso de ódio não tem a mínima repercussão nos dias de hoje; a Igreja não tem mais o poder de manipulação destruidora que tinha no passado.
É leviano o que foi dito, pois diferente das afirmações desse clérigo, cremos em Deus, aliás, é condição essencial para nos tornarmos maçons, e a imensa maioria da lojas maçônicas tem a Bíblia, que tratamos por "Livro da Lei", sempre colocada em local de destaque num altar, onde é aberta para serem recitados partes dos Salmos, dependendo do grau em que se trabalhe.
Nossa única incompatibilidade é com a ignorância, nossa única rejeição é contra os manipuladores que tentam impingir nas massas o convencimento de que suas próprias convicções são a única verdade; esses são os que usam e abusam da falsidade e que sobrevivem amparados em falsos deuses.
Ir. Edson Monteiro
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