Carlo Collodi escreveu em 1882 "As Aventuras de Pinóquio", história de um velho mestre artesão que construiu um boneco de madeira. Essa história é repleta de valores de ordem moral, um relato iniciático em que Pinóquio se vai desprendendo de seus muitos defeitos até se tornar um verdadeiro ser humano. É um romance no qual Collodi traz mensagem profundamente espiritual, iniciática, esotérica, de desenvolvimento pessoal. Carlo Collodi foi maçom. Walt Disney, que imortaliza o persongem num filme de animação, também foi ligado à maçonaria.

Os fios que movem o destino dos bonecos são semelhantes aos fios do destino que movem as pessoas sem a consciência. Assim, então, Pinóquio com falta de consciência e surdo aos ensinamentos do Grilo Falante (outro mestre) provou ser amoral e estúpido. O esoterismo ensina que, infelizmente, muitos são como Pinóquio, seguem o caminho mais fácil e não sabem que existe algo melhor em conexão com níveis mais elevados de consciência; vivendo para si, são escravos de suas paixões. Pinóquio é escravo de seu “eu”, um ego hipertrofiado produto de vícios que foram acumulados. Suas mentiras fazem crescer o nariz e as orelhas de burro, mostrando claramente que além de mentiroso é burro também.
Mas Pinóquio renasce, "recebe a Luz", nasceu para uma nova vida, retorna à vida em estado mais elevado com humanidade plena, torna-se um menino de verdade.
Ir. Edson Monteiro
Pinóquio, pela lei de causa e efeito, sofre as consequências de suas más ações, que o conduzem a uma vida desgraçada, em que o boneco paga com o sofrimento do karma gerado. Quando a vida de Pinóquio está insuportável, é engolido por uma baleia. Isso evoca claramente a história bíblica de Jonas, em Mateus 12:40: "Pois assim como Jonas esteve no ventre do grande peixe por três dias e três noites, assim estará o Filho do Homem no seio da terra três dias e três noites"; reporta-se também ao simbolismo maçônico da câmara de reflexões, a descida ao centro da terra.
Finalmente o boneco é expelido pela baleia para o mar, onde a água atua como um purificador, limpando interna e externamente a Pinóquio. Diz-se que quando alguém está imerso em uma corrente de água, renasce para uma nova vida. Essa prática é comum em muitas tradições religiosas e do batismo cristão. Maçônicamente tem a ver com a lenda do terceiro grau e o "Mar de Bronze".
Pinóquio, no entanto, não sobrevive à fúria do oceano e, finalmente, se afoga. Essa morte do boneco equivale à morte mística do profano ao ser iniciado. Nas palavras do Evangelho lembra a sentença que está em João 3:3-10: “Em verdade te digo que se alguém não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus (…) quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”.

Mas a vida segue seu rumo! Pinóquio, o menino, virou adulto... a estória continua! Os falsos brilhos da vida lhes tentaram; o brilho do espírito recém conquistado aos poucos é velado. Vaidoso agora, vive uma vida nos limites da moralidade; oportunidades que a vida lhes dá, desperdiça-as; dos momentos que servem para construir o melhor para o bem comum, escolhe fazer por si, escolhe alimentar a vaidade. Esquece-se, Pinóquio, dos efeitos da lei do Karma que já provara, que se colhe daquilo que se planta; mas, como sempre, o sofrimento ensina, e, enfim, Pinóquio precisa amadurecer. Temos muito de Pinóquio, somos muitos Pinóquios! Essa estória tem total correspondência à nossa busca por alcançar a plena realização de “humanidade”, e é especialmente relacionada ao que sucede conosco enquanto maçons.
Texto embasado na História de Pinóquio
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