quarta-feira, 25 de maio de 2011

REFORMA ÍNTIMA




Precisamos de ampla mudança de conduta, um choque radical e vital, uma reforma dos valores que estão ditando comportamentos de todos nós. Precisamos de reformas nos estatutos, na constituição, no regulamento, mas é premente a reforma íntima do ser humano, em graus diferentes conforme cada individualidade, mas de todos, sem exceção, para que a filosofia que tanto prezamos não sobreviva apenas nos textos. Está-se vendo um apartamento da verdadeira moral, dos estudos e dos sistemas de pensamento e reflexões que visam o compreender da realidade social e dos fundamentos de valores e crenças para a construção social, o sentido da nossa existência. Infelizmente, por uma razão extraordinariamente estranha, exatamente o inverso do que se aprende em todos nossos textos é o que em geral se encontra no comportamento dentro da instituição, especialmente em alguns dignitários que temporalmente exercem algum poder.

A transparência de nosso caráter deveria ser normal entre nós, mas o que mais há é a dissimulação e a hipocrisia permeando nossas relações, e o pior, alguns adotam a prática depois de iniciados, aprendem conosco; tanto é verdade que mais vemos maus comportamentos a partir dos mais antigos, dos mais experientes e em geral dos que comandam algum pedaço da hierarquia da instituição. Esses, que representam a todos nós pela legitimidade de nossa escolha, abusam do poder que lhes conferimos, escolhem trabalhar com as ferramentas do autoritarismo praticando um verdadeiro "cala a boca" geral. Isso vai se perpetuando  porque a aceitação é geral, pois de bom grado muitos cerram seus lábios e seus olhos aos desmandos que aparentemente não lhes atinjam diretamente. É preciso abrir os lábios às críticas construtivas e para dizer NÃO no necessário; é preciso abrir os olhos e ter a real dimensão do que estamos construindo, que legado deixaremos para os obreiros herdeiros da maçonaria que se constrói hoje.

Portar rituais maçônicos ou fazer a fria leitura dos seus postulados não imprime mudança no homem maçom em relação ao homem comum; justamente no seio da Ordem onde mais se discursa sobre moral e ética, é onde abundam exemplos de manipulação, autoritarismo, intolerância e o pior, o superficialismo nas relações humanas. Sim, o pior, porque os outros males são a expressão de irreflexão, de despreparo, de imaturidade, da má formação da personalidade, já a desconsideração humana entre nós traduz a distorção de caráter, algo torto desde o nascedouro pois que é genético ou congênito, é incorrigível; a esses o melhor é o encaminhamento às portas da rua, que precisam ser mais e melhor utilizadas, já que são a serventia da casa. Houve épocas em que os maçons eram movidos por idealismos, se envolviam com sérias questões sociais que até punham em risco suas próprias vidas; hoje, a principal motivação é simplesmente a vaidade, a valorização de títulos, cargos, medalhas, menos o essencial, a valorização dos próprios irmãos.

As reformas estruturais na instituição não serão as melhores enquanto não soubermos o que queremos e para onde desejamos ir; enquanto não escolhermos mais adequadamente nossos afilhados; enquanto não escolhermos melhor nossos dirigentes, em toda a capilaridade da hierarquia; enquanto formos coniventes com os maus e não os encaminharmos às portas da saída. A mais premente reforma é a de nós mesmos, a mudança de nosso comportamento que nos devolva valorizar a plenitude da cidadania, da democracia como ideal de governo, da transparência e da coerência dos discursos e das atitudes, da prática da verdade e da lealdade, tudo que nos leve a lutar contra a tirania e a manipulação mais afeitas à máfia do que à maçonaria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário