Já ouvimos a pregação em palanques de que a militância deveria destruir todo material de campanha política da oposição que encontrasse (afirmação de militante político em São Bernardo do Campo à época da campanha eleitoral de 2012), e a oposição não agiu nada muito diferente disso... são inimigos, não simples adversários, que defendem a hegemonia, a supremacia de uns sobre os outros, seja qual for o partido político, desde que esteja no poder. Não existe quem aceite e entenda a necessidade da salutar alternância de poder, todos querem o continuísmo, e se não ficarmos atentos, vamos perder a democracia para embarcar no obscurantismo de regimes de caudilhos que vemos prosperar por aí.
A alternância no poder como princípio, num regime
democrático, têm sofrido distorções servindo como instrumento de manipulação e apropriação do
Estado pelos Partidos, pois uma vez no poder, o jogo se altera, seguem a cartilha dos antecessores, pactuam com a compra de apoio, eliminação de
partidos de oposição, criação dos novos partidos de apoio. Os governos
populistas ou autoritários passam a usar sua estrutura administrativa como uma maquina
partidária, numa agregação que os torna uma instituição única. É o que se
chamava, nos anos 30, de Estado Total, usado no limite pelos nazistas na
Alemanha e no comunismo adotado na URSS.
Instituições fracas sem
amadurecimento democrático confundem a ideia salutar de origem de
reeleição, que é a oportunidade de maior planejamento de um trabalho inacabado, destroçando no núcleo a ideia democrática de alternância no poder. Com o uso e abuso da máquina, nunca saem, perduram no poder, a menos que o governo seja um
desastre completo, ou se esteja num quadro de crise e descontrole. A
oposição se sentindo acuada, corre para um jogo de personalismo e
de propaganda, não investe claramente contra a manipulação maniqueísta e os desajustes da situação porque se sente num terreno instável, tem medo do rotulo de despeito e da pecha da inveja... o que não contribui nem para seu sucesso, nem para a democracia.
Democracia é muito mais que eleições livres e justas, é um processo político livre e democrático fora das eleições exercido por homens livres e de bons costumes que agem com isenção e dignidade não se curvando a manipulações políticas sórdidas de bastidores, não aceitando defender o indefensável porque não se colocam fazendo parte de uma facção, mas de uma instituição, de um Estado que só sobrevive ao se aprofundar a democracia e não o aparelhamento.
Deveríamos ter alguma instituição para agir em defesa da democracia que tivesse pessoas cujos princípios se baseiam nos valores do Estado democrático, na liberdade de falar e de agir mesmo que com valores opostos, na igualdade entre todos para terem acesso ao poder mesmo com propostas diferentes já que a alternância valoriza, oxigena, amplia, mobiliza... uma instituição que junte homens que acreditem em valores onde todos devem se ajudar, devem se considerar, devem se tolerar pois apesar de diferentes em comportamentos e proposições, são todos um só numa mesma causa...
Vamos procurar alguma instituição com gente desse jeito, que viva e pratique esses valores... fazer parte desse grupo para defender nossa democracia!
Edson Monteiro
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